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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Comovente luta de morador de rua para não enterrar companheira como indigente/Brasil

Então é Natal e achamos que 'fizemos a nossa parte' em prol dos mais necessitados.
- "Cerca de 40 mil pessoas, vivem sem documentos pelas ruas do Brasil."
- 'Invisíveis' para o Estado, na vida e na morte.
"Descanse em paz, Ana Paula."



“Construção”, de Chico Buarque de Hollanda, foi considerada em 2001 pelo jornal Folha de São Paulo como a segunda melhor canção brasileira de todos os tempos – atrás de “Águas de Março”, de Tom Jobim; E em 2009, pela revista Rolling Stone, como a melhor canção brasileira de todos os tempos. Esta música foi composta num dos períodos mais severos da ditadura militar brasileira, em que um dos setores que mais se expandiam com o crescimento econômico era o da construção civil. Enquadrado, oprimido e perseguido pela censura, seu autor viu-se obrigado a refugiar-se na Itália. Ao retornar ao Brasil, em 1970, resolveu compor esta que é sem sombra de dúvidas a mais bela página de nosso cancioneiro popular. “Construção” narra a história de um trabalhador da construção civil morto no exercício de sua profissão desde a saída de casa pra o trabalho até o momento da queda mortal. A letra contém uma forte crítica à alienação do trabalhador na sociedade capitalista moderna e urbana, reduzido à condição mecânica de um trabalho subumano. Um operário sem nome, que faz tudo sem questionar, apenas condicionado ao seu trabalho, algo que realiza de maneira automática e repetitiva. Remetendo-o a uma condição de subordinação forçada, em obedecer-ou-ser-punido, sem qualquer chance de realização pessoal. Um reles trabalhador braçal que nem na morte encontra sua redenção, já que esta não lhe alivia ou abrevia o sofrimento. Embora seja ele o responsável pela construção do progresso, dele não participa e seu corpo morto e estirado ao chão só serve para atrapalhar o tráfego ou o público. A música pode se enquadrar como um testemunho doloroso das relações injustas entre o capital e o trabalho. Onde o homem, ser que constrói, é consumido e destruído no esforço de edificar uma sociedade que devia repartir com ele o fruto deste progresso. Ainda assim, Chico declarou em entrevista concedida à revista Status, em 1973, que “Construção não era para ele uma música de denúncia ou protesto. (...) Em Construção, a emoção estava no jogo de palavras. Agora, se você coloca um ser humano dentro de um jogo de palavras, como se fosse... um tijolo – acaba mexendo com a emoção das pessoas”.
- Créditos: https://www.youtube.com/watch?v=5-ogT6iCWx8



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